Publicação: domingo, 8 de fevereiro de 2009 - jornal Diário Popular
Problemas estruturais como a rede de esgoto e a fiação no Calçadão diminuem o brilho de um dos locais mais frequentados do centro da cidade
Mau cheiro, falta de espaço para circular em algumas quadras, piso irregular, caos na fiação exposta e sujeira, muita sujeira. Quem passa todo dia pelo Calçadão pode já ter se acostumado com os problemas, mas eles estão aí, atrapalhando lojistas, consumidores e turistas que visitam o centro comercial de Pelotas. A curto prazo, as modificações previstas pela prefeitura são paliativas. A longo prazo, um projeto de revitalização do trecho comercial da Andrade Neves, previsto desde 2006, deve começar a sair do papel no segundo semestre de 2009, e promete resolver de vez as queixas.
A sujeira espalhada pelo chão e o mau cheiro são os primeiros problemas apontados. “O cheiro de esgoto é impossível, e se sente sempre”, comenta o aposentado Carlos Alberto Borges, que frequenta o Calçadão diariamente. O odor, segundo a Secretaria de Urbanismo, vem das ligações irregulares do esgoto cloacal vindo das lojas na rede de esgoto pluvial, destinada ao escoamento de chuva.
O presidente do Sindilojas, Renzo Antonioli, soma a isso a sujeira que se acumula nos bueiros. “São verdadeiros depósitos de lixo e eu nunca vejo ser feito uma limpeza nos bueiros.” Ele alega que são despejados nas galerias até mesmo os dejetos dos alimentos vendidos por ambulantes. Já os papéis, embalagens e outros materiais jogados no chão não dependem apenas da limpeza contratada pela prefeitura. “Ninguém pode limpar durante 24h. A população às vezes não ajuda”, comenta Antonioli.
As bancas de vendedores ambulantes também são outro ponto de discórdia no centro da cidade. As áreas mais críticas são os trechos da Marechal Floriano entre o Calçadão e a General Osório, e da Andrade Neves, entre Marechal Floriano e Lobo da Costa. Com os ambulantes na calçada, o espaço para locomoção dos pedestres e a visualização das vitrines ficam prejudicadas. “Os camelôs deveriam descer para o camelódromo. Eles precisam trabalhar, mas não em cima da gente”, avalia a consumidora Fabiane Machado.
A idéia da prefeitura é fazer justamente isso. Mas para transferir as bancas que hoje estão no centro antes será necessário começar – e concluir – as obras de ampliação do camelódromo da praça Cypriano Barcellos. Enquanto isso não acontece, o plano da Secretaria de Urbanismo é reorganizar os ambulantes na Marechal Floriano. Conforme o secretário Luciano Oleiro, a faixa de estacionamento será transferida da esquerda, onde está, para a direita. As bancas irão descer da calçada para uma área reservada na faixa da direita, e o trânsito será deslocado para o outro lado. Na Andrade Neves, a idéia é deslocar as bancas em direção ao centro da via, para liberar o espaço para os pedestres.
Além de dificultar o fluxo, a presença dos camelôs é um problema para os lojistas, que têm as vitrines bloqueadas pelas bancas. Para ganhar atenção, os produtos das lojas acabam também na calçada, reduzindo ainda mais o espaço. “É uma concorrência desleal e uma situação provocadora. Eu não tenho como, hoje, pedir para um associado recolher os produtos. Quando as calçadas estiverem livres, se a prefeitura quiser nossa ajuda para isso, faremos com prazer”, afirma o presidente do Sindilojas.
Reforma do espaço custará R$ 2,5 milhões
Quem olhar para baixo verá remendos de cimento no lugar das lajotas quebradas; ao olhar para cima, postes apinhados de fios emaranhados poluem o visual. A solução definitiva para esses problemas deverá vir apenas com a realização de uma obra que pretende recuperar a estrutura do Calçadão. A reforma, orçada em R$2,5 milhões e com recursos que virão do Banco Mundial, deve começar no último trimestre de 2009, segundo a Unidade Gestora de Projetos (UGP), da Secretaria de Urbanismo. A reforma será bem-vinda não só pelos usuários, mas também pelos lojistas que, atualmente, têm as vendas prejudicadas pela situação do Calçadão, segundo Antonioli.
As mudanças começarão com o aterramento dos fios, que irão para o subsolo e eliminarão os postes atuais, os quais serão trocados por iluminação de praça. A rede de esgoto deve ser refeita, e as ligações de esgoto cloacal das lojas regularizadas, liberando o esgoto pluvial para sua função e eliminando o mau cheiro constante.
Em sequência, o piso deve ser todo refeito, sobre uma nova base, mais resistente para prevenir o desprendimento dos ladrilhos. Para finalizar, todo o mobiliário urbano (bancos, lixeiras etc.) será trocado, e os canteiros serão modificados a fim de melhorar a acessibilidade do local. Para que aconteça a mudança dos camelôs no novo espaço durante as obras, o assistente técnico da UGP Raul Odone explica que as duas obras, no camelódromo e no Calçadão, devem andar juntas, para que não haja conflitos. E o secretário de urbanismo alerta: se hoje a fiscalização age para que novos ambulantes não se instalem no Calçadão, no futuro a fiscalização irá trabalhar para impedir que outros tomem o local.