Muita chuva, bancas vazias

Publicação: segunda-feira, 9 de março de 2009 – jornal Diário Popular

Feira livre sofre com pouca oferta e preços elevados depois da série de precipitações

A alface tem pesado na sacola de compras de Marlene Soares, que vai à feira todo sábado em busca do melhor produto ao menor preço. Mesmo na manhã ensolarada de sábado, as chuvas que assolaram a região em fevereiro são sentidas nos preços e na qualidade de hortaliças e frutas na feira livre da avenida Bento Gonçalves. A terra encharcada estraga a raiz das plantas, prejudica os tubérculos e para o crescimento dos vegetais. Resultado: mercadorias pequenas e bancas desabastecidas antes das 10h da manhã.

Quem produz e vende sente ainda mais o prejuízo. A feirante e produtora rural Maria Helena Hartwig, há 25 anos no ramo, afirma disponibilizar para venda metade do que costumava expor e o desabastecimento não era esperado. “Essa costuma ser uma época boa, de fartura.” Com pouca oferta, os preços subiram uma média de 25%.

Na mesma situação está Celso Bonow. Os 360 milímetros acumulados nas primeiras chuvas de fevereiro em sua propriedade deixaram um prejuízo estimado entre R$ 10 mil e R$ 12 mil, numa soma entre a produção que vende na feira e, principalmente, o fumo que planta. “Lavouras que iam ter uma produção grande pararam de crescer com a folha ainda pequena. Não tem como produzir com excesso de chuva.”

Os exemplos do prejuízo que a intempérie traz para produtores e consumidores começam nas bancas vazias no meio da manhã. “Um feirante chega a comprar do outro para atender os clientes”, comenta Bonow. Além da alface, a vilã da vez nos preços, o tempero verde indica os estragos da chuva. “Antes, se vendia com qualidade a R$0,50. Hoje, está R$0,70 e sem qualidade. Mas a gente tem que manter a família”, justifica o feirante.

Frente ao descontentamento de quem quer levar o melhor produto, Leomar Hartiwig negocia os descontos em sua banca; a alface muito pequena, de R$0,75 sai por R$0,50. “O cliente reclama, porque são coisas que está acostumado a comprar sempre baratinho”, exclama.

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